O cachorro que pediu um cobertor e ganhou uma família

Essa é a história real de Kanudo, um vira-lata franzino que se auto-adotou. Tudo começou com um cobertor numa noite gelada — e terminou com uma amizade eterna.

Resumo da história

  • Kanudo era um cão de rua, mas seguia um tutor, o “Véio Avelino”.
  • Aos poucos, foi criando laços com uma família da vizinhança.
  • Em uma noite fria, pediu um cobertor — e acabou ganhando um lar.
  • Foi oficialmente adotado após adoecer e precisar de cuidados.
  • Hoje vive com conforto, apelidos carinhosos e muito amor.

Um cão, dois amigos e um portão

Kanudo era um vira-lata magrelo, preto e caramelo, com um jeitinho sereno. Era visto quase sempre ao lado do senhor Avelino — ou como a vizinhança carinhosamente chamava, o “Véio Avelino” — morador de rua conhecido e querido no bairro.

O cão seguia o homem por onde ele ia, ao lado do outro companheiro inseparável, o Branco. A história de Kanudo foi contada com afeto por uma família que já tinha três adoráveis vira-latas: Boni, Kaanã (adotados em feirinhas) e Keoma, que apareceu na porta ainda filhote.

Mas “Kanudo” não era o nome original. Surgiu de um erro inocente das crianças que brincavam na rua, tentando chamar o cão do meio (Kaanã), e acabavam gritando “Kanudo!” para provocar. O nome errado acabou pegando… e ganhou identidade.

O cobertor que mudou tudo

A família sempre ajudava o Véio Avelino com refeições, que eram divididas entre ele, Branco e Kanudo. Um dia, o filho mais novo foi levar comida ao senhor e foi surpreendido com latidos de alerta do cãozinho, que se postou firme ao lado de seu tutor: “Não tente nada!”

Mas aos poucos, essa bravesa deu lugar à confiança. Em 2011, Kanudo começou a frequentar o portão da casa da família para comer. Latia alto, de forma inconfundível, e era prontamente atendido com ração de primeira e água fresca.

Numa noite fria, em vez de comida, Kanudo pediu por abrigo. Ganhou uma casinha improvisada de papelão, com três cobertores (dois doados, um sutilmente tomado do Boni). Acordou no dia seguinte ainda enrolado, sob o sol quente das 9h30, completamente ignorando o mundo ao redor.

“Um desavisado tentou recolher a caixa pra reciclagem… Foi recebido com latidos furiosos. A casinha tinha dono.”

Quermesse, família e um plano

Kanudo começou a seguir a família até para festas. Durante uma quermesse, disfarçou que ia embora quando foi repreendido. Minutos depois, lá estava ele — carinha conhecida, pescoço erguido na porta do salão. Bastaram alguns segundos para localizá-los na mesa… e aguardar pacientemente o primeiro pedaço de frango cair.
As risadas foram inevitáveis.

Mesmo com o salão lotado, Kanudo não teve dificuldade nenhuma em fareijar onde estava a sua “futura família”

A primeira ausência

De repente, Kanudo sumiu. Foram dois meses de angústia. Até que, por acaso, o filho viu o cão ao lado de Avelino e Branco, em outro bairro. O “véio” tombou restos de comida no chão. Branco se serviu primeiro, e Kanudo lambeu o arroz que sobrara.
Foi dali que nasceu um dos muitos apelidos carinhosos: Lambe Arroz.
A cena emocionou. A decisão era clara: levar comida até eles. Mas Kanudo tinha planos diferentes.

De volta. E ferido.

Dias depois, apareceu no portão. Ferido, coberto de feridas. Não queria ração, queria socorro. A família agiu rápido. Levado à clínica, ficou internado por 33 dias.

Ao voltar, saudável e peludo, pulou no colo de um visitante, correu para o quarto e… entrou sem cerimônia. Os outros cães se esconderam. Mas não houve rejeição. Keoma, o mais novo, logo virou seu parceiro. Os mais velhos? Tiveram que engolir o ciúme.

A benção do Véio Avelino

Avelino continuava passando pela rua. Kanudo, dentro de casa, se agitava ao ouvir sua voz. A tensão era grande: será que o véio o pediria de volta?
O encontro aconteceu. Avelino fez carinho, Kanudo latia, choramingava. E aí veio a frase que emocionou todos:

“Você ganhou um lar, Pretinho! Tá bonito, tá gordo! O pai não podia cuidar de você, mas agora cê tá bonzinho.”

Duas semanas depois, Avelino faleceu. Mas sua bênção ficou.

Doce lar, doce adaptação

A adaptação não foi tão simples: Kanudo estava acostumado a dormir e fazer as necessidades no mesmo lugar. Lençóis, colchas e mantas foram lavados como nunca. Mas ele aprendeu, como tudo na vida. Hoje, 14 anos depois, Kanudo tem todas as regalias que um cão pode sonhar.

Ainda sente muito frio, mesmo com todos os cobertores da casa à sua disposição.

Kanudo, o caçador que reza com a vovó

Ele ainda tem medo de chuva. Acha que vai apanhar quando alguém tenta fazer carinho. Mas abana o rabo ao tomar vacina, pro riso geral das veterinárias.

Já avisou a família sobre morcegos, ganhou o apelido de Caçador, reza todo dia com a vovó e carrega uma coleção de apelidos: Capitão Pelanca, Pouca Carne, Lambe Arroz, Di Favor, Matogrossense, Caçador…
Kanudo não precisou aprender a amar. Ele já sabia.

 

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